Se você é um "apaixonado por terror", tai uma lista de recomendações de mangás que Você precisa ler!
-
Zekkyou Gakkyuu
(Screaming Lessons)
Autora: Emi Ishikawa
Ano: 2008
Volumes: 11 (em andamento)
Demográfico: Shoujo
Zekkyou Gakkyuu atualmente é um dos mangás de terror que mais me encantam. E não, não é assustador, os personagens são crianças e adolescentes na faixa dos 8 a 13 anos, com uma narrativa um tanto quanto infantil – Justificado pelo fato de ser publicado na revista Ribon para meninas entre 09 e 13 anos, da editora Shueisha. Mas, vale lembrar que infantil não é sinônimo de histórias ruins e descerebrais. A estrutura narrativa é a típica de histórias episódicas que envolvem o mundo sobrenatural. Para efeito de comparação se assemelha bastante a outro mangá voltado para meninas; Jigoku Shoujo. Aqui, o guia espiritual é uma garota misteriosa chamada Yomi, o fantasma de uma adolescente que perdeu parte do seu corpo abaixo da cintura. É ela que inicia e fecha as histórias, quase sempre com uma lição de moral acerca de valores familiares e sociais. Ô Japão!
Digno de nota o fato de Ishikawa nunca se acovardar, não atenuando os efeito de uma ação equivocada por parte de seus personagens. Alguns recebem um destino trágico e tocante, há capítulos que chegam a serem extremamente melancólicos, outros que possuem um grau elevado de violência. A arte é bem cutesy, ou seja, bonitinha, com traços arredondados, efeitos visuais típicos de um mangá shoujo de romance, mas o tom obscuro é bem aparente. Sempre que Ishikawa quer atingir o ponto mais fraco de uma criança, ela contrasta a arte de uma forma altamente provocante. Em um dos capítulos, onde uma boneca ganhou vida ao ser alimentada pela comida que a garotinha jogava fora, e começou a se mexer, eu fiquei chocada com os movimentos, a obscuridade e os sons que ela emitia: “nhec nhec nhec”. Credo! Tenho pavor de bonecas.
-
Ibitsu
Autor: Ryou Haruka
Ano: 2009/2010
Volumes: 02 (Já finalizado)
Demográfico: Seinen
A história de Ibitsu (torção/torcida, em Japonês) é inspirada em uma lenda urbana japonesa, sobre o espírito de uma garota que constantemente assombra banheiros públicos e escolares, sempre perguntando “Gostaria de papel vermelho ou papel azul?” – Mas não importa qual seja a resposta, seu destino será trágico, meu amigo! Ibitsu pega essa lenda e cria uma variação, “a Lolita estranha”. Se no meio da noite você se encontrar com uma garota suja vestida de Lolita, e ela te perguntar “Você tem uma irmã?” e você cair na besteira de responder, a garota simplesmente vira um piolho, querendo ser a sua irmãzinha mais nova a qualquer custo.
Particularmente eu acho um pouco fraco, as histórias extras me pareceram mais charmosas quando você pensa em algo que te dê calafrios. Mas, é extremamente indicado principalmente pra quem não tem tanto costume com histórias de terror, e ainda assim querem sentir aquela gotinha gelada percorrendo pelas costas. Se gostar de Ibitsu, leia também Zashiki Onna, aquilo é bizarro.
-
Collapse Of The World As We Know it
Autor: Dashu Jiang
Ano: 2010
Volumes: 01 (em andamento)
Demográfico: Seinen
Sem dúvidas, essa será a coisa mais estranha que você terá lido em um bom tempo. E eu não estou exagerando. Primeiro me deixe dizer que se trata de um manhua, vulgo histórias em quadrinhos produzidas na China. É diferente de manhwa [quadrinhos coreanos]. O sentido de leitura é ocidental, o traço dos chinocas e coreias são sempre detalhados, eles possuem uma boa técnica, mas só agora que seus quadrinhos vêm se popularizando mais. Os poucos que ganhavam traduções chamavam a atenção pelo traço, mas o roteiro quase sempre era decepcionante, certo?
Essa série lembra bastante o gênero ero-gore pelo teor de bizarrices gráficas, o autor foi bem perspicaz ao conseguir traçar esse paralelo, sem precisar cruzar a linha. Indicado para quem prefere um terror menos sobrenatural, sem fantasmas, e mais bizarro, mais trash, envolvendo seres humanos. E este aqui se equilibra bem entre o feeling de terror e o horror gráfico. Afinal….“Descasque os elementos sobrenaturais, e o que resta? Pessoas! Isso afirma o que eu sempre acreditei. Que nada é mais assustador do que pessoas.” – Kazuo Umezu. Se curtir Collapse Of The World As We Know it, experimente também Franken Fran.
-
Fuan no Tane
Autor: Masaaki Nakayama
Ano: 2004
Volumes: 02 (Já finalizado)
Demográfico: Shounen
Fuan no Tane, assim como em sua tradução literal [Sementes do Desconforto], é um mangá de terror bem peculiar, foge um pouco da estrutura convencional, com histórias curtas que possuem no máximo umas 5 páginas. Cada capítulo começa e termina antes mesmo que você perceba. É como estar andando no trem fantasma, saber que em algum momento vai aparecer algo que pretende te assustar, mas não saber calcular ao certo em que momento isso irá ocorrer, e então acabar soltando um grito, nem que seja por impulso. É algo parecido com você estar assistindo atenciosamente um filme de terror [daqueles assustadores], e alguém chegar por trás e tocar você. Você irá reagir toscamente e a outra pessoa irá rir da sua cara feia.
Digo novamente que, a ideia de Fuan no Tane é brincar com seus conceitos, e Masaaki Nakayama é um motherfucker desgraçado porque ele conseguiu brincar e manipular a minha mente. Você olha para o lado e não vê nada, no entanto, quanto mais você pensa naquilo que te dá medo, mais e mais uma sombra vai se formando no canto do seu olho e então; BUUUHAHAHAHAHAHAHAHAHA otário. Se você sobreviver, leia também Fuan no Tane Plus.
-
The Drifting Classroom
(Hyouryuu Kyoushitsu)
Autor: Kazuo Umezu
Ano: 1972
Volumes: 11 (Já finalizado)
Demográfico: Shounen
Este é um dos maiores clássicos dos mangás, concebido pelo mestre do terror Kazuo Umezu. Mas eu fiquei um pouco reticente na última hora, sobre manter ou não este título entre as indicações. É de 1972, é outra escola de quadrinhos de terror, e embora tenha influenciado a maioria que se seguiu depois, é bem datado para os padrões atuais – Principalmente quando se fala de terror. Porém, ainda que o traço de Umezu não seja muito atrativo, e já ultrapassado, a dinâmica de arte sequencial que ele imprime a cada página não envelheceu nem um pouco.
Ouch! E não é isso que é terror? Sentir o sangue correndo nas veias. Adrenalina. Tensão. Umezu coloca em The Drifting Classroom todos os seus medos e receios de quando era criança, onde é praticamente impossível você não se colocar no papel de alguns dos personagens. É uma espiral de insanidade que vai crescendo até atingir o clímax total, onde você, que acompanhou todas as situações mais surreais e dramáticas por todos esses capítulos, terá verdadeiros orgasmos mentais e visuais. O que torna The Drifting Classroom um autêntico representante dos quadrinhos de terror, não são o horror visceral, mas o absurdo de situações implacáveis e a imersão daqueles personagens na história de terror ao qual foram inseridos e a forma como reagem àquilo. Há uma cena onde o protagonista precisa ser operado por outra criança, sem anestesia. Você acompanha tudo aquilo com os dentes cerrados e os nervos a flor da pele, ao visualizar a tensão da outra criança de 11 anos, que precisa rasgar seu colega com um bisturi.
HAHAHAHAHA É TENSÃO ABSOLUTA E NERVOS A FLOR DA PELE! Uma aula de suspense e terror psicológico. Um clássico.
-
Uzumaki
Autor: Junji Ito
Ano: 1997
Volumes: 02 (Já finalizado)
Demográfico: Seinen
Pareço meio suspeita em falar de qualquer obra do Junji Ito, meu mangaká de terror favorito, e um dos que mais gosto em termos gerais. Ele foi inspirado por Kazuo Umezu, o que se nota facilmente, por exemplo, no absurdo do argumento de Uzumaki. Uma cidade tomada por espirais? Hein? MAS é sua paixão pelos Mythos – aqueles bichões com tentáculos que habitam o universo e já dizimaram o planeta terra incontáveis vezes – de H. P. Lovecraft, que tornam suas histórias ainda mais surreais que as de Umezu. Ele aplica em suas histórias, o conceito de mal absoluto, sem origem definida, sem fim, sem nenhum motivo aparente. Apenas é. E quando acontece, não adianta fugir. É tudo desesperançoso, caótico, tóxico, alucinógeno e… Deliciosamente trágico.
Uzumaki – A Espiral do Horror foi lançado aqui no Brasil pela falecida [para os mangás] editora Conrad. A qualidade é… Não, não é tão boa se comparado com outros lançamentos do gênero pela Conrad, mesmo tendo páginas coloridas, rs. Mas, eu devorei cada página como se estivesse comendo um delicioso pedaço de pudim. Essa leitura foi praticamente uma masturbação. Uma ode de prazer. Foi tão intenso que o mangá se partiu no meio. Sério. A lombada não resistiu. Acredito que poucos ainda não tenham ouvido falar de Uzumaki.
Você não conhece? POXA, em que mundo você vive? É o mangá de terror mais comentado da interwebzzzz, e não apenas na esfera otaku, mas em toda a bolha nerd ocidental. Agora, apesar de todo esse apelo, Uzumaki não vendeu quando foi lançado, uma pena. Vou contar pra vocês como eu conheci Uzumaki. Eu estava num chat, na comunidade [do Orkut] de HOTD ao qual eu era ativa, e alguém puxou o assunto “mangás de terror”. O ano era 200…hmm….2010. Me disseram que Uzumaki era simplesmente o mangá mais assustador já feito. Cética que sou, foi procurar imagens aleatórias no Google. Quando eu vi aquelas imagens em forma de espiral, eu fiquei completamente em transe. “Eu preciso ler isso. TIPO agora” – Pensei.
A arte é a melhor que você encontrará em qualquer mangá de terror. É bem redondinho, traçado tipicamente shoujo – eu sempre digo isso, e não custa repetir, no Japão o público consumidor de mangás de terror, em sua maioria, são mulheres, e a própria origem do gênero é nos quadrinhos para garotas –, mas totalmente obscurecido. A tensão psicológica é intensa, e a forma como o enredo progride em Uzumaki, muitas vezes se revela chocante.
Pra finalizar, fica a dica de The Enigma of Amigara Fault, eleita pela revista Super Interessante à história de capítulo único mais assustadora do mundo. Sim, é uma oneshot. E dá um sentimento forte de claustrofobia em quem ler. Não faz parte de Uzumaki.
Nenhum comentário:
Postar um comentário