Music Symphony

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Não acenda a Luz!

*Baseado em uma lenda urbana americana.*

Joyce e Sandra estudavam no quarto situado no campus da universidade aonde vinham morando por dois anos. A prova que encerraria o semestre seria no dia seguinte. Joyce era a mais estudiosa das duas sempre tirava notas boas e dedicava-se aos estudos a maior parte do seu tempo. Já Sandra era meio louca, era conhecida no campus por suas extravagâncias com a bebida e as drogas. Mesmo assim ela era inteligente e mantinha-se no curso com notas boas.

“Vamos à festa hoje Joyce?” – perguntou Sandra.

“Não, vou estudar até tarde e depois vou logo para a cama. Amanhã eu quero tirar dez na prova, por que se eu conseguir, talvez ganhe bolsa escolar integral.”

“Você e a sua mania de estudar de mais, sai do quarto, aproveita um pouco sua juventude por que você se der conta vai ser tarde de mais. Por exemplo, por dois semestres eu não te vejo com um garoto, nem um encontro se quer e...”

“Eu prefiro me dedicar aos estudos, namoro depois.” – respondeu Joyce interrompendo a amiga.

As duas continuaram os estudos até que a hora da festa chegou. Sandra se arrumou e se despediu de Joyce.

“Tem certeza que não quer ir?”

“Tenho, já pedi uma pizza vou estudar um pouco mais, comer e ir dormir para estar bem preparada para a prova. Te desejo sorte amanhã no teste se eu não te ver até lá.”

Quando ela terminou de falar, alguém bateu na porta.

“Deve ser minha pizza, pede para o entregador entrar.” – disse Joyce olhando a amiga saindo e o entregador entrar.

Sandra foi para festa e como sempre se esbaldou. Decidiu ir dormir no quarto do namorado insistente, mas disse que teria que ir até seu quarto buscar alguns livros e algo para vestir no dia seguinte. Os dois foram andando pelos corredores escuros do alojamento até chegarem ao quarto.

“Odeio essa escuridão dos corredores, eu penso se algum dia eles vão trocar as lâmpadas queimadas. Fica aqui de fora e eu vou ser bem silenciosa porque eu não quero acordar a Joyce.” – disse Sandra ao namorado.<

Ela entrou, foi até o banheiro e pegou sua escova de dente e desodorante. Voltou ao quarto e pode achar suas roupas e alguns livros que precisava, porém não encontrava o livro mais importante e seria quase impossível encontrá-lo com o quarto tão escuro, iluminado somente pela luz da lua que passava pelas frestas da veneziana. Sandra pensou e pensou, mas não se lembrava onde tinha colocado o livro, voltou até a porta do quarto e foi levando sua mão até o disjuntor da luz. Por um impulso momentâneo sua mão parou.

“Deixa o livro pra lá, provavelmente nem vou ter tempo de estudar antes do teste.” – disse sussurrando enquanto saia do quarto na ponta dos pés.

No dia seguinte Sandra olhava nervosa para o relógio, Joyce não estava lá e o teste iria começar em alguns minutos. Ela estava preocupada, pois sabia que o teste era muito importante para a amiga e ela era muito responsável para perdê-lo. “O que teria acontecido com ela?” perguntava-se nervosa.

Joyce nunca pareceu e Sandra mal pode fazer seu teste por estar preocupada com ela. Entregou seu teste correndo ao professor e foi até seu quarto. Quando abriu a porta não pode acreditar, Joyce ainda dormia. Ela entrou no quarto rápido e deixou a porta bater atrás de si.

“Joyce você esta louca? Você perdeu o semestre todo.” – Gritou Sandra cutucando a amiga que dormia de bruços. “Joyce?”

Cutucou a amiga duas vezes, porém não obteve resposta e decidiu vira-la de barriga para cima. O terror tomou conta dela e seu grito ecoou por todo prédio do alojamento. Joyce tinha um buraco fundo na barriga e suas tripas estavam para fora.

Sandra virou-se para a porta para ir pedir ajuda. Seu grito de terror novamente ecoou pelo campus. Na porta de seu quarto estava escrito com o sangue de Joyce: “Feliz por que você não acendeu a luz?”

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Evil Santa Claus



Papai Noel do Mal ( Evil Santa Claus ) seria o irmão gêmeo malvado do Papai Noel ou mesmo uma criatura demoníaca que na noite de natal viria buscar as crianças levadas e devorar seus pais. 
O Papai Noel do mal se veste exatamente como o seu irmão para enganar as crianças e colocá-las em seu saco e levá-las para seu covil para então devorá-las. Nesse ponto, o Papai Noel do mal se assemelha ao popular Homem do saco, que anda pelas ruas com um saco enorme e captura as crianças. Seu trenó seria conduzido por lobos negros, e sua roupa, por vezes, seria de cor preta.
Algumas lendas exageradas dizem "que o Papai do Noel do mal 
é um demônio controlado por Satã que vem do inferno para pegar as crianças abandonadas e levá-las dentro do saco e que seu  é puxado por oito Lobisomens ferozes, ao invés de Renas encantadas, e os seus ajudantes são Diabinhos vermelhos. 
Ele traja a mesma roupa do Papai Noel e às vezes usa uma máscara como disfarce, mas outras vezes ele chega com sua face natural assustando todos e oferecendo presentes para as crianças, quando elas pegam o presente, ele as captura e tranca em um local deixando morrer de fome. 


O Papai Noel do Mal, pode se dividir em dois, transformando seu corpo em fumaça que garante a passagem por janelas estreitas ou chaminés.
Depois de chegar com as crianças no inferno, o Papai Noel do Mal as leva para o Capeta, onde ele se diverte com elas fazendo as piores maldades possíveis."
   Na Rússia, o Papai Noel tem uma origem pagã que em parte, explicaria sua natureza mágica. Ele  é tido como um tipo de deus do inverno que por vezes, pode ser impiedoso. Contudo, não é totalmente mal ou bom.

 Provavelmente, o mito do Papai Noel do mal teria surgido através de histórias contadas pelos pais aos seus filhos, como uma forma de persuadi-los a se comportarem bem durante o ano, para no natal, não receberem a desagradável visita do Papai Noel do mal. Ou ainda, pelos cristãos que tem mania de demonizar tudo. Seja qual for sua origem, o Papai Noel do mal não é tão famoso quanto parece. Nas lendas primitivas, ele não era mencionado. E o Papai Noel trazia presentes para as crianças comportadas, e punia as levadas, deixando carvão em suas meias sobre a lareira. O ato de punir as crianças levadas com carvão se assemelha à figura natalina italiana, La Befana. Que seria uma fada idosa que viria montada em uma vassoura para entregar os presentes às crianças comportadas e carvão às levadas. Na Itália, as crianças preferem a Befana mais que ao Babbo Natale (Papai Noel) e suas cartinhas são escritas para a fadinha.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Perdido na noite de Halloween



Era noite de Halloween a lua cheia brilhava forte no céu. José bateu o copo de pinga com força no balcão e se despediu do atendente gordo que enxugava alguns copos do outro lado. De pé, ele notou que o mundo estava girando incontrolavelmente, o porre do dia havia sido “bão” como gostava de dizer.

Ele saiu do bar e virou à esquerda. Caminhou algumas quadras pelas ruas esburacadas e mal iluminadas quando se viu diante de uma bifurcação. A sua esquerda, uma mata densa e perigosa que tinha uma trilha pequena que o levaria até a fazenda onde trabalhava de peão e morava com sua esposa e filhos. A sua direita uma estrada de chão batido que o levaria ao mesmo destino, mas demoraria uns quinze minutos a mais. Normalmente ele não pensaria duas vezes, iria pela estrada que era segura que o guiaria certamente a sua casa, ele tinha medo não somente de se perder, mas também dos animais famintos que o teriam como presa fácil. Mas naquele dia resolveu ir pela trilha.

“Se eu ficar na trilha eu me não me perco, chego em casa mais cedo para encher de sopapos aquela vadia que se diz minha muié.” – disse excitado.

O álcool não deixava o medo controlar José que foi caminhando em direção a mata.

Ô seu Zé.” - Escutou o bêbado de longe.

Quando olhou para trás viu um de seus amigos correndo em sua direção. Sem dizer nada ele olhou para o homem que se aproximava.

Ô seu Zé, onde ocê ta indo ?

“Onde ocê pensa seu bocó? Pra casa é craro uai.

“Se eu fosse ocê eu num entrava ai não. Ocê sabe que tem gente que morre ai por essas bandas e gente que desaparece também. 

“Era só o que me faltava, vai te catar, eu quero chegar em casa logo.”

E José seguiu seu caminho ignorando seu amigo que continuou protestando até perceber que não teria nenhum resultado.

A escuridão aumentava a cada passo que ele dava, a mata se fechava ao seu redor e a trilha pouco a pouco desaparecia. José quis voltar, mas quando olhou para trás se deparou com a escuridão. Agora ele já não sabia em que direção tomar ou mesmo em que direção estava. 

“Celeste eu vou te matar sua desgraçada, é tudo culpa sua, eu vou te matar.” – gritou o bêbado culpando sua pobre esposa por seu próprio erro. 

Após o grito a natureza parecia mais viva do que nunca. O barulho de animais, insetos e plantas eram claros agora, pareciam chamar seu nome. José se virava de um lado a outro tentando ver alguma coisa e com medo de ser atacado. Algo se enrolou em sua mão o prendendo em uma árvore e ele gritou novamente, um inseto pousou em seu ouvido e ele ainda gritando deu tapas fortes e descontrolados em sua orelha tentando retirar o bicho que zumbia cada vez mais alto. Agora ele tinha certeza de que estava sendo atacado, sentia que vários insetos subiam por sua perna e muitos outros zumbiam ao seu ouvido. Desesperado ele chorou. 

Para o seu terror passos fortes e altos vinham em sua direção. Seu maior medo havia se tornado realidade e ele seria atacado por um lobo, onça ou qualquer animal feroz e carnívoro que estava pronto para comer uma presa fácil.

“Celeste, eu só queria chegar em casa.” – repetiu o nome da esposa chorando.

“José. É ocê?” – disse uma voz conhecida.

Em um passe de mágica tudo desapareceu, os insetos já não subiam por suas pernas ou zumbiam em seus ouvidos. O que lhe prendia a mão à arvore já não estava lá. A escuridão aos poucos foi dispersando e ele novamente podia ver as silhuetas das plantas e da pessoa que se aproximava.

“Celeste, ainda bem que ocê ta aqui. Eu achei que eu tava perdido, minha imaginação estava me pregando uma peça das boa.”

“Eu escutei seus grito e vim te encontrar. Agora vem, vamo pra casa homi.”

Os dois começaram a andar pela mata. Celeste na frente mostrando o caminho e José seguindo enquanto elogiava a mulher por salva-lo. Ela por sua vez andava rápido e ficou calada a maior parte do tempo somente respondendo com um “uhum” as perguntas do bêbado. 

*****

Enquanto isso, Celeste, a esposa de José, conversava com um amigo de seu marido em sua casa. Ele contava a ela que José havia entrado na mata, estava bêbado e descontrolado. Isso havia mais de uma hora e com certeza ele estava perdido porque o trajeto não demorava mais do que dez minutos. Ela sabia que não havia nada a ser feito a não ser esperar até amanhecer e ir procurá-lo.

Com a mão no rosto Celeste chorou por horas seguidas, apesar de seu marido não ser perfeito ela o amava e seus filhos também. Por isso ela não queria perde-lo.


*****

 Óia, eu sei que eu tava perdido, mas porque tamo demorando tanto? Se eu tava tão longe de casa assim como ocê me escutou?” – questionava o bêbado.

“Estamos chegando, logo logo ocê vai chegar em casa, oia a luz ali.” – respondeu a mulher.

José olhou para frente e viu uma luz branca em meio a vegetação. Afobado ele saiu correndo em direção ao seu destino. Quando ele passou pela ultima árvore ele levou um susto e parou imediatamente com medo de perder sua vida. Por pouco ele não caiu no penhasco a sua frente.

“Sua desgraçada. Ocê ta tentando me mata? – gritou José olhando a mulher que ainda estava caminhando em sua direção.

Celeste não disse nada e continuou caminhando em direção a José que esperava que ela se aproximasse para dar-lhe umas bordoadas. A luz da lua cheia iluminou o rosto daquela que supostamente era sua esposa.

Para o terror de José, quem o guiou para fora da mata não foi sua esposa, mas uma figura que ele não podia imaginar o que era. O rosto lembrava uma cabra misturada com um cavalo com olhos grandes em formato elíptico, mas coberto de escama vermelha. O corpo parecia humano, mas era coberto de pelos negros e brilhantes. No lugar dos pés havia um par de cascos. O ar que antes estava fresco e cheirava a plantas havia se transformado em um ar pesado e denso, o cheiro de enxofre no ar era muito evidente para ser ignorado.

“Vai de reto Sat...” – tentou gritar José.

Com uma velocidade inumana a criatura correu em direção a José. Com um de seus cascos ela bateu no peito do homem que foi arremessado no precipício. O bêbado sentiu o casco bater em seu peito, seus pulmões não obedeceram a ordem de respirar. Seus pés saíram do chão e ele outra vez viu o mundo girar descontroladamente. 

O José girou dezenas de vezes até atingir uma pedra que ficava em baixo do precipício. Seu corpo contorcido ficou estático e seu olhar petrificado. Sangue escorreu por debaixo de seu cadáver manchando a pedra de vermelho. Olhando com deleite lá de cima do precipício estava a criatura. Sorrindo com seus dentes grandes e pontiagudos. Ela diz ao espírito de José que esta sendo carregado por vultos sombrios enquanto se debatia e gritava.

“Não se preocupe, logo logo você vai chegar em casa.”

Onde está meu filho?

Alguns anos atrás uma moça de vinte e oito anos estava internada nesse hospital com câncer em estado avançado. Ela estava grávida de sete meses e meio quando a internaram pela ultima vez, seu marido havia morrido três meses antes em um acidente de carro. Ela cresceu em um orfanato em São Paulo e não tinha família. Os empregados do hospital se comoveram com sua história e todos faziam o possível para alegrá-la, porém nada adiantava. Sua tristeza pela solidão e o fato de que talvez nem conheceria seu filho pois o preço de dar a luz a criança poderia ser sua vida, e ela estava disposta a pagar.

Alguns dias depois de ser internada ela veio a falecer. Os médicos conseguiram salvar o bebê e o nomeou João, em homenagem sua mãe que se chamava Joana. Uma das enfermeiras do hospital começou com o processo de adoção do bebê, pois seu marido não podia ter filhos e ela viu a oportunidade para ter um filho, depois de quatro meses a adoção foi concedida.

A verdadeira mãe da criança parece que não se esqueceu do filho nem depois da morte. Laura (nome fictício da enfermeira que adotou o bebê) estava de plantão quando um paciente veio falar com ela.

“Alguém tem que tirar aquela mulher do meu quarto”.

“De que mulher o senhor esta falando?”

“Aquela doida que esta gritando comigo e perguntando "onde esta o filho?".”

Laura foi até o quarto do paciente e não havia ninguém lá. Ela chamou o médico que disse que ele poderia estar alucinando e o sedaram. Quando ela voltou para seu posto seu telefone tocou, ela atendeu, seu corpo estremeceu de terror. A voz feminina vinda do outro lado lhe era conhecida.

“Onde esta meu filho? Por que você o tirou de mim?” – questionava a voz chorosa do outro lado da linha.

Laura começou a rezar. O fantasma da moça a estava assombrando, mas nada adiantou. Outras pessoas começaram a relatar que haviam visto o fantasma.

O tempo passou e Laura continuava vendo e escutando a verdadeira mãe de seu filho. Os pacientes da ala de câncer também continuaram a ver as aparições. O hospital tentando encobrir disse que era efeito de um medicamento para câncer, mas a população daqui não acreditou. Meses depois mudaram a ala de câncer para um prédio novo, mas o fantasma foi junto e as pessoas continuaram a ver o fantasma. Laura se demitiu e nunca mais viu o fantasma da mulher. Mas dizem o hospital ainda continua assombrado. Vários empregados do hospital já a viram andando pelos corredores do hospital perguntando pelo filho, os pacientes dizem que escutam alguém tocar na porta, mas quando abrem não tem ninguém.

A Carona




Essa é a história de um amigo caminhoneiro que mora em Goiânia. Ele sempre esta na estrada ganhando o pão da família e uma vez ou outra me conta histórias de arrepiar que acontecia em suas viagens, vou compartilhar com vocês algumas dessas histórias que ele me contou pessoalmente.

Eis que uma vez, estava Ronaldo fazendo o trecho São Paulo-Goiânia. Parou em um posto de gasolina pra abastecer e comer algo. Sentou-se no balcão da lanchonete e fez seu pedido. Enquanto estava comendo, uma mulher bonita e até bem vestida sentou-se do seu lado e puxou conversa com ele. Conversa vai e vem deu a hora de ir embora ele se despediu e saiu da lanchonete. Quando ligou o caminhão ali estava a mulher. Ele abaixou o vidro para ver o que queria e ela pediu uma carona, disse que morava na cidade vizinha e não queria andar até lá, que apesar de perto, já eram duas da manhã. Sem hesitar ele aceitou.

A cidade era realmente perto, dez minutos depois de sair do posto chegaram ao trevo. Apontando uma esquina ali no trevo, pediu pra parar e desceu do caminhão. Ronaldo se assustou quando viu que ali era o muro de um cemitério.

“Como você tem coragem de ficar aqui? Vamos embora eu te levo em casa, não importa que seja longe.” – disse ele com medo de deixar ela ali.

“Eu já estou em casa” – disse a mulher andando em direção ao muro do cemitério e desapareceu.

Contando essa história e conversando com outros caminhoneiros, descobriu que o fantasma era de uma prostituta que residia na cidade onde ele a deixou. Ela teria sido estuprada e morta por um caminhoneiro que a pegou naquele posto. Dizem que seu fantasma fica assombrando caminhoneiros como forma de vingança. Hoje, Ronaldo sempre desvia do trecho onde encontrou a mulher com medo de vê-la novamente.

E você? Daria carona a um estranho(a) na estrada?

sábado, 21 de dezembro de 2013

Casa mal assombrada


Eram duas e meia da manhã quando Levi, Antônio e Arnaldo andavam pelas calçadas sujas de sua cidade. Estavam vagando a mais três horas sem nada pra fazer, Levi odiava fazer isso, preferia estar em casa assistindo TV e comendo, mas sempre acompanhava os amigos porque não gostava de ficar sozinho. Chegaram à antiga estação de trem da cidade que já desativada havia muitos anos.

“Vamos embora daqui, eu odeio esse lugar” – pediu Levi tentando não parecer aterrorizado.

“Deixe de ser medroso” – respondeu Arnaldo. “Vamos até a casa abandona da colina e dar uma olhada, estou precisando de uma aventura.” – completou ele com a voz excitada.

Antônio riu e começou a andar em direção a casa, os outros dois o seguiram. Chegaram ao portão de entrada e olharam aquela imensa construção, era linda e tenebrosa ao mesmo tempo.

Os três jamais viram alguém morando naquele lugar, o dono da propriedade a trancou a mais de cinqüenta anos e não voltou mais, nunca vendeu ou alugou. Os moradores da região até evitavam passar perto com medo, diziam que o lugar era assombrado.

Anos atrás o filho do prefeito daquela cidade estava se casando com uma moça que morava ali. No dia do casamento, a melhor amiga da noiva a levou para a casa do prefeito dizendo que queria mostrar-lhe algo. Chegando lá elas sobem até o quarto onde o noivo dormia e o encontram na cama com outra mulher. Em um momento de desespero a noiva desce até a cozinha pega uma faca e mata o noivo e a amante. Momentos depois, ela não conteve a agonia e enfiou a faca em seu coração. Supostamente os fantasmas dos três ficaram na casa onde diz à lenda que o fantasma da noiva tortura os outros dois.

Arnaldo foi o primeiro a entrar, pulou o portão e foi em direção a casa. Olhou para trás e viu os outros dois pulando também e continuou até chegar à porta. Levi ficou parado no meio do caminho.

“Eu não entro ai, estou sentindo mal, alguma coisa me diz que agente deveria ir embora.” – disse o rapaz com voz tremula.

Os outros dois não deram importância. Voltaram-se para casa e olharam pela janela. Eles se espantaram porque podiam ver muito bem o que tinha dentro da casa somente com a iluminação da lua que entrava pelas janelas. A sala de entrada era enorme e toda a mobília parecia estar lá, porem coberta com lençóis.

“Opa, a porta da frente esta aberta.” – Disse Antônio já abrindo a porta.

Os dois entraram, o lugar era lindo, descobriram alguns móveis e viram que estava tudo intacto, parecia que alguém estava cuidando de tudo. Antônio decidiu subir para o próximo andar e ver se achava algo interessante. Arnaldo foi ver outro cômodo. Momentos depois Arnaldo escuta Antônio descendo as escadas.

“Vamos embora, Levi esta nos esperando lá fora.” – Gritou Arnaldo para que seu amigo pudesse escutá-lo.

Antônio não respondeu, Arnaldo se virou para ir até a saída e deu de cara com alguém, não pode ver quem era porque a luz vinha de trás da pessoa então só via a silhueta. Uma coisa ele tinha certeza, estava vestida de noiva. Seu corpo congelou então ele riu tentando disfarçando o susto.

“Muito boa essa Antônio, quase me mata de susto. Vamos embora, já tive muito pra uma noite, esse lugar esta me dando arrepios.” – disse Arnaldo irritado.

Antônio continuou calado. Arnaldo ficou inquieto olhando o suposto amigo e começou a andar em sua direção, a silhueta também se movia ao seu encontro. Algo mudou na visão de Arnaldo, parecia que a silhueta puxou uma faca de lado e ele começou a ficar preocupado e parou de andar.

“Brincadeira tem limite Antônio.” – gritou ele.

A silhueta também parou de andar, a luz da lua iluminou seu rosto e Arnaldo gritou. A imagem o aterrorizou e ele se arrependeu de ter entrado na casa. Ali na sua frente estava o fantasma da noiva, seu rosto podre e olhos vazios não expressavam sentimento e mesmo assim ele sentiu que ela o ia matar.

“Antônio!” – foi a única coisa que ele conseguiu gritar, pois o terror o mantinha congelado e sem ar.

Antônio desceu as escadas rapidamente, quando viu a cena correu direto pra porta gritando. A porta estava trancada, ele a esmurrava, chutava e puxava, mas ela não abria. Levi estava bem perto, mas parecia que não via ou escutava nada. A noiva não deu muita atenção a ele e continuava a encarar Arnaldo que por sua vez correu para ajudar o amigo com a porta.

“Você pensou que iria escapar de mim por toda eternidade querido?” – disse o fantasma se aproximando dos dois.

A noiva agarrou Arnaldo pelo cabelo e apunhalou no coração. O rapaz ficou agonizando por um tempo enquanto Antônio fazia sua última oração.

“Some daqui você não tem nada a ver com esse traste.” – disse a noiva enquanto abria a porta.

“Não, por favor Antônio” – gritou Arnaldo.

Antônio se espantou ao ver o espírito de Arnaldo sendo segurado pela noiva. Escutou um barulho do outro lado da sala e viu o fantasma de outra mulher que parecia estar sofrendo muito. Lembrou-se da lenda daquela casa e então entendeu que seu amigo era a reencarnação o noivo que de alguma maneira teria escapado da tortura eterna.

Ele correu e levou Levi embora com ele. Contou a história a todos mais ninguém acreditou. O corpo de Arnaldo nunca foi encontrado pela policia que vasculhou toda a casa e os arredores. Antônio foi internado em um hospício alguns meses depois, dizia estar sendo assombrado pelos três fantasmas. E quanto a casa, continua lá, sozinha e sombria, talvez esperando sua visita... 

A Mensagem


Eram onze horas da noite e chovia muito forte, estávamos indo para a fazenda da minha tia. Levei meu melhor amigo para quebrar um pouco a monotonia do campo. Negão, como eu o chamava, resolveu tirar um cochilo e se virou pro lado e eu continuei dirigindo em direção à fazenda. Algum tempo depois eu vi no meio da estrada meu pai que havia falecido em 1996, tinha a aparência muito mais jovem do que quando morreu e eu pude ver uma luz forte ao seu redor, ele estava com um braço esticado em minha direção e seu dedo indicador e sua cabeça fazendo sinal de negativo. Eu freei forte e segurei a direção, passamos por onde ele estava e o carro rodou varias vezes até parar. Retomando do susto olhei para a estrada, estava vazia. Negão gritava sem entender o que tinha acontecido.

“Cara, eu vi meu pai que já faleceu faz anos no meio da estrada” – disse sem fôlego.

“Seu louco, quase nos matou.” – gritou ele esbofeteando no meu braço.

“Não estou brincando, acho que ele queria me avisar alguma coisa. Vamos voltar pra casa, eu não posso continuar a viagem.” – respondi chorando.

“A fazenda esta a 15 km daqui, vamos dirigir 140 km pra voltar? Nem pensar, se você quiser vamos embora amanhã cedo.” – insistiu Negão.

Pensei que ele estava certo, não tinha sentido voltar a essa hora da madrugada estando tão perto, então seguimos a viagem. Alguns quilômetros depois, fazendo uma curva o carro derrapou, perdi o controle e capotamos até batermos em uma árvore. Eu me esforcei para sair do carro, deitei no chão e olhei pro lado da estrada na esperança de encontrar ajuda, ali estava meu pai, assim como eu o vi minutos antes. Ele se aproximou de mim e disse.

“Dorme filho, você precisa descansar e se você dormir, a dor vai passar, mas seu amigo vai vir comigo”.
Sem dizer outra palavra, segurou no ombro de Negão e andando pela estrada os dois desapareceram. Eu acordei já no hospital, e descobri que meu amigo realmente morreu no acidente, eu sofri ferimentos que me deixaram o rosto marcado, mas em alguns dias estava fora do hospital. Eu me arrependo amargamente por ter ignorado a mensagem do meu pai. Não ignorem os espíritos quando eles tentam ajudar, isso pode salvar vidas.



Empresa Assombrada (Parte 2)

No dia seguinte Denis chegou meia hora mais cedo para poder conversar com o guarda do dia.

“Bom dia Arnaldo, como vai?”

“Bem e você? Como foi sua primeira noite de vigia aqui?”

“Muito estranha, não quero que pense que eu sou louco, mas creio que vi coisas que não posso explicar.”

“Olha pode parar, o outro vigia noturno começou com essas histórias até que um dia saiu correndo no meio da noite e não voltou mais para trabalhar. Ligou e pediu que lhe enviassem os documentos assinar pelos correios, imagina, ele nem aqui quis voltar.”

“Ele dizia que via o espírito do doutor Flávio assombrando o prédio.” – disse a faxineira que limpava o chão por perto. 

“Quem era esse homem?” – perguntou Denis.

“Para de colocar caraminholas na cabeça do Denis dona Maria, espíritos não existem.”

“Doutor Flávio era um dos donos da empresa, junto com o Maurício. Ele se suicidou aqui mesmo, as pessoas dizem que era porque a mulher o estava traindo, mas ela negou tudo. Maurício então tomou conta dos negócios até o filho do doutor Flávio, o Rodrigo, se formar e vir trabalhar aqui. Agora os dois gerenciam a empresa. Mas me conta, o que foi que você viu?” – perguntou a faxineira curiosa ignorando o pedido de Arnaldo.

“Nada de importante, deve ter sido impressão minha.” – respondeu Denis olhando o rosto desapontado de dona Maria. “Quando foi esse suicídio?”

“Doze anos atrás. Eu mesma limpei a sala depois do corpo ser retirado, eu acho que nunca chorei tanto em minha vida. O doutor Flávio era um homem generoso, foi ele que me deu o emprego e todos gostavam dele. Ninguém imaginava que um dia ele poderia fazer isso.” – disse Maria.

“Olha aqui a foto dos empregados na festa de natal do ano anterior ao suicídio. Esse era o Flávio, esse o Maurício e esse bonitão aqui sou eu.” Disse Arnaldo apontando uma foto.

Denis começou a tremer, observava a foto com terror, não somente tinha confirmado de que teria visto um fantasma, mas agora sabia da verdade sobre a terrível morte de doutor Flávio.

“Que isso Denis, parece que viu fantasma? Olha ai dona Maria, o homem esta pálido que nem papel.”

“Impressão sua e acho que já esta na hora de vocês irem.” – Respondeu Denis seriamente.

Ele sentou em sua cadeira a observar os monitores, porém sua mente estava longe, imaginando o que faria se o fantasma aparecesse de novo. E se conseguisse provas de que Maurício tinha assassinado Flávio. Iria limpar a imagem suja daquela família que a tantos anos vinha sofrendo com aquela mentira.

Denis decide ligar o rádio que até agora estava desligado por medo. Se ofantasma do doutor Flávio queria ajuda talvez se comunicasse novamente pelo aparelho.

Quando chegou a hora da primeira ronda, o vigia sentiu medo, estava aterrorizado com o fato de que poderia novamente ver o espírito do homem na janela, ainda mais com aquela ferida sangrenta na cabeça. Depois de bater o ponto confirmando sua ronda voltou-se para o prédio e para sua surpresa estava vazio. Ele sentiu um alívio, mas também ficou desapontado. “Será que me mostrei muito medroso e afugentei o espírito que precisava de ajuda?” perguntou a si.

Tentando tirar tudo da cabeça ele voltou ao seu posto. Sentou-se na cadeira e se serviu um pouco de café. Sentia-se feliz por não ter visto nenhuma assombração, talvez agora sua vida voltasse ao normal.

“Denis...” – disse uma voz masculina sussurrando bem perto de sua orelha.

O vigia saltou da cadeira deixando o café derramar em sua camisa. O medo era tanto que ele nem sentiu o café queimando sua pele. Ele olhou em volta, porém ali não havia ninguém. Os monitores e o rádio saíram do ar e somente o som e a imagem da estática apareciam. Alguns papeis que estavam por ali voaram de um lado para outro, uma sombra grande andava em sua direção.

“Me deixa em paz, eu não fiz nada para você.” – gritou Denis desesperado.

“Denis...” – repetia a voz no rádio.

Ele então correu para a porta tentando escapar do pandemônio que se formara ao seu redor. A porta que certamente não estava trancada era mantida fechada por uma força invisível. Tudo então se acalmou, Denis olhou ao redor e apesar da bagunça formada ali não via nada sobrenatural.

“Seis direita, quarenta e nove esquerda, quarenta e sete esquerda, trinta direita, nove direita.” – dizia a voz no rádio. 

Denis olhou para os monitores e todos mostravam a sala de Maurício onde havia um cofre perto de sua mesa.

“Seis direita, quarenta e nove esquerda, quarenta e sete esquerda, trinta direita, nove direita.” – repetia a voz destorcida rádio. 

Depois de ter anotado os números que possivelmente eram a combinação daquele cofre, ele se colocou a pensar nos riscos. O que teria naquele cofre de tão importante que um fantasma queria? O que faria se encontrasse algo?

Em um impulso levantou-se, foi até o cofre e o abriu com aquela combinação. Sentiu um calafrio e uma brisa leve passando por ele e uma das pastas que estavam dentro do cofre caiu no chão. Na capa da pasta estava escrito “Contabilidade Confidencial”. Voltando-se para a porta se assustou ao ver que o fantasma do doutor Flávio estava ali. Dando as costas o espírito saiu da sala, Denis correu a traz dele e o foi seguindo até que desapareceu na porta de um dos escritórios. O escritório era de Rodrigo, filho de Flávio. Ele entrou e decidiu que seria melhor deixar a pasta em cima de sua mesa, assim ele não teria que envolver-se quando a polícia chegasse.

No dia seguinte, Rodrigo chamou a polícia depois de analisar os papeis que comprovavam que Maurício havia roubado seu pai por anos e anos. Os policiais, agora sabendo a verdade sobre seus negócios ocultos ficaram desconfiados do suicídio de Flávio. Após horas de interrogatório e muita pressão conseguiram a confissão do assassinato.

De noite, durante sua primeira ronda depois de ter ajudado o fantasma Denis não sabia o que esperar. Quando olhou para o prédio viu o espírito novamente, este lhe acenou adeus, uma luz forte iluminou o lugar e foi diminuindo até se apagar. Denis entendeu que o espírito atormentado de doutor Flávio finalmente tinha encontrado a paz.






(Gente, ignorem se encontrarem alguns erros ;))

Empresa Assombrada (Parte 1)


Quando Denis recebeu o telefonema da empresa de contabilidade onde tinha se candidatado à vaga de vigia noturno gritou de felicidade, após vários meses desempregado era tudo o que ele precisava.

No dia seguinte às sete da noite ele já estava em seu posto, seu turno era de doze horas que não seriam tão monótonas, pois tinha trazido um radio a pilha para escutar enquanto vigiava os monitores das câmeras de segurança.

“Aqui é a sala de monitores, você passa quase toda a noite sentado e olhando os monitores das salas. O quadro de chaves da empresa esta do lado da porta no caso de você precisar abrir alguma, todas tem etiqueta. A cada três horas faça uma ronda no pátio ao redor do muro para checar se esta tudo nos conformes. Na esquina do muro na parte de traz tem um relógio que você tem que bater ponto, só assim sabemos que você realmente fez a ronda.” – disse o vigia do dia explicando as regras do serviço.

Denis sentou-se na cadeira, ligou seu radio e fixou o olhar nos monitores. Algumas horas depois já com os olhos ardendo olhou para o relógio e realizou que já tinha passado alguns minutos do horário da ronda. Pegou sua lanterna e foi para o pátio e começou a andar ao redor do lugar, em um momento ele olhou para o prédio e viu o que parecia ser a silhueta de um homem no segundo andar olhando para ele.

“Quem está ai?” – gritou Denis correndo em direção ao prédio.

Ele correu para a sala de monitores e observando-os viu que não tinha ninguém em nenhum lugar do prédio. Seria sua mente pregando uma peça? Sentiu medo e solidão, estava de noite e não havia ninguém por perto e ele tinha certeza que viu alguém na janela então decidiu ir até o segundo andar para averiguar.

Quando ele saiu do elevador acendeu todas as luzes que pôde e começou a andar pelo lugar. A principio não ouviu nem viu nada. Continuou andando e notou que estava se aproximando da sala onde teria visto a pessoa, sacou a pistola por precaução, tentou abrir a porta, mas esta estava trancada. Pegou o molho de chaves quando escutou um barulho, a porta tinha aberto. Seu sangue gelou, mas ele foi em frente e entrou devagar, o rangido da porta fez seu corpo arrepiar de medo. Ele entrou na sala que estava vazia e escura, procurou o interruptor para ascender à luz, porém não encontrou. 

Ele continuou andando na sala procurando algum vestígio da pessoa que vira alguns momentos atrás. Sem sucesso em sua busca ele ficou mais tranqüilo, pois tinha medo de ter problemas já no primeiro dia. Chegou perto da janela e olhou para o pátio vazio, novamente sentiu medo por estar só. Escutou um barulho de papel e quando se virou viu alguns papeis voando de uma das mesas.

“Deve ser o vento.” – pensou ele enquanto seu subconsciente lhe avisava de que não havia janelas abertas e não havia nenhuma corrente de ar. “Deve ser o vento.” – repetiu em voz alta.

Depois de voltar à sala de monitores, Denis colocou um pouco de café em sua xícara, aumentou o volume do rádio e voltou-se para os monitores, tudo calmo como era de se esperar. 

“Desgraçado...” – gritou uma voz masculina no rádio com uma mistura de estática em meio a música fazendo o vigia saltar da cadeira.

A música continuou por alguns segundos.

“Você vai morrer e ninguém saberá.” – disse uma segunda voz.

A música continuou por mais alguns segundos e um som de disparo fez com que ele saltasse da cadeira outra vez. A música seguiu como se nada tivesse acontecido. 

Já era uma hora da manhã e hora da próxima ronda. Denis não tirava as vozes que tinha ouvido no rádio da cabeça. Tentava enganar-se dizendo que tudo era fruto de sua imaginação, mas no fundo sabia que as vozes tinham sido reais. Com medo saiu para a ronda.

Depois de bater o ponto no relógio do muro voltou-se para o prédio e novamente viu a sombra no segundo andar. Desta vez não perguntou nada, ficou olhando a sombra e imaginando se alguma coisa estava criando aquela sombra, mas mal terminou de pensar e as luzes do prédio foram acendendo, sala por sala até que a sala onde a sombra estava se iluminou. Denis deu um grito de terror. A visão era terrível, um homem de terno cinza e camisa branca, com um furo na testa sangrando. O sangue escorria por seu rosto e molhava sua camisa. Andando para trás o vigia tropeçou no concreto que separava o asfalto da grama e caiu no chão, ao olhar novamente para o prédio se assustou vendo que estava novamente vazio e escuro.

Ele voltou ao seu posto e começou a observar o monitor da sala do segundo andar onde estava o suposto fantasma, mas a sala se encontra vazia. De repente a imagem desaparece e um sinal de estática toma conta da tela, em seguida uma nova imagem aparece, porém desta vez a imagem não é como a que vira antes.

Os móveis eram diferentes, mais antigos. Denis vê um homem abrindo um cofre e retirando uma pasta cheia de papeis, ele tinha certeza que este homem era o que vira na janela. O homem senta em uma das mesas e começa a ler os documentos. Um tempo depois outro homem entra na sala, pelos gestos que faziam dava para notar que estavam discutindo. O primeiro homem saca um revolver do bolso, a música do rádio novamente era interrompida e Denis escutou “Desgraçado”, que parecia ter sido dita pelo homem com a arma. O segundo homem da um salto para cima do primeiro e eles começam a lutar, depois de um tempo lutando o primeiro é desarmado. O segundo homem aponta a arma para seu oponente. Denis escuta “Você vai morrer e ninguém saberá” vindo do rádio e em seguida um disparo. Na tela, o atirador limpa a arma, a joga perto do corpo e sai da sala. O monitor volta a mostrar uma sala vazia e escura.

Continua...

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

New Bedford, A Cidade Macabra – (Parte 3)

Jonas se esforçou para falar, mas não pode, pois sua boca estava adormecida e não podia mover a língua. Notando o esforço do rapaz Jack sorriu sinicamente para ele.

“Não se preocupe, estou tomando conta de você. Dorme tranqüilo.” – disse o policial injetando um liquido com uma seringa no soro de Jonas.

Passados mais alguns dias Jonas acordou novamente no quarto do hospital. Olhou em volta e não viu ninguém, estava só. Sentou-se na cama e sentiu que a dor que sentira quando acordara da primeira vez havia melhorado e somente lhe restava um pequeno mal estar e dormência nos nas pernas. Sentia-se confuso, tentou lembrar-se o que tinha acontecido e do acidente, mas por mais que se esforçasse sua ultima lembrança era a de quando estava entrando no carro para a sua viagem à New Bedford.

“Olha quem acordou, pensei que você iria dormir por cem anos.” – disse uma enfermeira entrando no quarto sorrindo para Jonas.

“Pelo visto estou sendo bem cuidado.”

“Não fale e não se esforce muito, vai demorar mais alguns dias a mais para você se recuperar.”

“Há quanto tempo estou nesse hospital?”

“Nove semanas.”

Jonas deu um pulo da cama, suas pernas estremeceram e ele se sentou. Não acreditava que estivera inconsciente por tanto tempo.

“Eu tenho que sair daqui. Já tiveram alguma noticia da minha irmã?” – questionou o rapaz.

“Ainda não. Agora não se preocupe com isso, você ainda não está curado. Preocupe-se com sua saúde primeiramente. Depois de curado você vai poder voltar a procurar sua irmã.” – disse a enfermeira com pena do rapaz.

“Eu nunca disse a ninguém que estava vindo procurar minha irmã.” – Indagou Jonas com um ar desconfiado.

“Bom, é a única coisa que eu posso imaginar que você veio fazer aqui nesse fim de mundo”. – respondeu a enfermeira meio desconcertada. “Agora chega de conversa, você precisa descansar mais.”

“Qual seu nome?” – perguntou Jonas.

Ela não respondeu, somente apontou para seu cartão de identificação sorrindo. Pegou uma injeção de sua bandeja e injetou o liquido no soro de Jonas. Sem dizer mais nada recolheu o material usado e foi saindo do quarto.

“Muito prazer Melissa” – disse Jonas para a enfermeira.

“O prazer é meu.” – respondeu ela com outro sorriso e fechou a porta.

Sentindo-se cansado Jonas se deitou na cama pensando em sua irmã, seus olhos ficaram pesados e em segundos ele adormeceu.

Quando abriu os olhos novamente não estava no hospital, olhou a sua volta e viu uma bela paisagem. Ele estava em um campo de grama alta e flores vermelhas, céu azul onde não se podia ver uma nuvem sequer e um lago de águas limpas que se destacava entre todas outras coisas. Confuso, Jonas procurava uma explicação, “será que eu morri?”, perguntava-se. Começou a andar em direção ao lago, pois era a única coisa diferente que ele podia avistar.

Aproximando-se do lago sentiu um frio repentino e tudo mudou. A grama e as flores secaram e se transformaram em cinzas, o céu agora estava negro e chovia cinzas. A água do lado se transformou em lava que transbordava em direção a Jonas inundando tudo ao redor.

Escutou passos atrás de si e virou-se para ver quem era. Seu grito ecoou pelo lugar e a criatura que a este momento estava quase aos seus pés riu mostrando seus dentes podres e pontiagudos. O que Jonas viu era um ser estranho, medonho, daqueles que as pessoas encontram nos piores pesadelos. Tinha mais ou menos um metro de altura e a pele muito clara e cheia de feridas. Rastejava-se pelo chão usando as mãos e pés deformados para se locomover.

“Erros, erros, você só comete erros. Por que não obedeceu nosso aviso e foi embora? Agora seu tempo esta esgotando e você vai se dar mal. Olhe para mim, isso é seu futuro, você será igual a mim. Eles podem fazer de você o que quiserem.” - disse a criatura de voz aguda enquanto rodeava Jonas.

Jonas estava certo que tinha morrido e ido para o inferno seu grito ecoou uma vez mais dando satisfação ao monstro que o torturava a mente. Olhava ao seu redor e viu que não havia saída dali. A criatura parou na frente de Jonas rindo com sua voz metálica e mostrando seus dentes.

“Agora morre.” – disse enquanto empurrava Jonas na lava.

Jonas sentiu seu corpo caindo e o calor da lava aproximando de seu corpo, porém quando atingiu a lava ele se viu mergulhado em água. A água estava escura, mas infelizmente ele podia enxergar e viu dezenas de corpos a sua volta que apesar de serem cadáveres de alguma maneira ele sentia que os corpos o seguravam. Ele estava se sufocando e se debatendo tentando se livrar dos cadáveres que o prendiam dentro da água quando de repente viu o rosto de sua irmã entre os mortos. Observando o corpo pálido de sua irmã ele parou de se debater, havia se entregado ao destino, qualquer fosse aquilo que ele estava experimentando, pois pouca razão havia para sua existência. Sua busca terminara, sua irmã estava morta e assim como ele e pelo que parecia ambos estavam presos no inferno para a tortura eterna.

“Não.” – gritou Cintia fazendo bolhas se espalhar pela água e abrindo seus olhos vazios e brancos.

Ele sentiu uma mão lhe puxando e foi sendo levado para baixo como que tragado por um tornado. Ainda com falta de ar suas vistas foram escurecendo assim como o lugar, seu corpo já não respondia seus comandos, sua mente já não se concentrava e seus olhos fecharam.


Continua...

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

New Bedford, A Cidade Macabra – (Parte 2)

[...]
Jonas jogou o controle da televisão no chão enquanto escutava a reportagem sobre o desaparecimento de sua irmã, Cintia Rice na cidade de New Bedford. Ele se irritava a cada vez que via o sensacionalismo que faziam em torno do desaparecimento da irmã. Decidiu então ir até lá investigar por si próprio, pois ele não via esforço suficiente da policia em resolver tal assunto.

Arrumou a mala e partiu durante a noite, não queria esperar mais nada. Olhou no bolso da jaqueta e conferiu, as chaves da casa da irmã estavam com ele. Ele estava decidido a ir encontrá-la, ela era a única pessoa da família que ele tinha e agora estava desaparecida.

Jonas morava em Nova York que estava a mais ou menos trezentos e setenta quilômetros de New Bedford então a viagem seria curta. Entrou no carro e partiu. Depois de viajar algum tempo ele avistou um homem velho e sujo com uma bicicleta na beira da estrada pedindo carona, os dois se olharam mas Jonas não parou, seguiu sua viagem e minutos depois nem se lembrava do homem que mais se parecia um mendigo, até que viu o mesmo homem na beira da estrada, só que não estava pedindo carona, estava andando e empurrando a bicicleta. Quando Jonas passou por ele os dois se encararam novamente e o mendigo sorriu. Jonas seguiu viagem mas agora estava assustado, não entendia como o homem apareceu à sua frente estando a pé.

Ele ficou com isso na cabeça e foi pensando em uma explicação razoável para o que viu. Quando olhou para o acostamento viu outro homem lá, porém esse estava bem vestido e estava deitado no asfalto com sangue ao seu redor. Jonas freou, desceu do carro e correu até ele.

“Você pode me escutar?” – perguntou Jonas tocando a testa do ferido.

O homem não respondeu, abriu os olhos, agarrou com força o pescoço de Jonas e começou a estrangulá-lo. Os dois se debateram até que o suposto ferido ficou por cima e o enforcava com fúria. Jonas sentia seu corpo em chamas por dentro.

“Você não deveria ter vindo se meter aqui, agora você vai morrer e seu espírito vai ser nosso.” – disse o homem com uma voz grossa e cheia de ódio.

“Deus me ajude, por favor, eu não quero morrer assim.” – disse Jonas já enxergando tudo embaçado e sentindo que iria desfalecer.

Até que ele escutou um urro de dor, sentiu as mãos soltarem seu pescoço e seu corpo retomou um pouco de força. Olhou para frente mas não viu o homem que vira à segundos atrás mas sim um demônio de pele marrom e asas podres, a criatura gritava e rolava no chão até que correu do local. Jonas viu outro homem que falava palavras que ele não podia entender, mas sabia que seja o que fosse tinha assustado o demônio dali. Quando seu corpo se recuperou viu que à sua frente estava o mendigo que pedia carona.

“Quem é você? Obrigado por me ajudar.” – perguntou Jonas, tentando se levantar.

“Um amigo. De agora em diante tenha mais cuidado, você esta entrando em território perigoso. Tenha força e fé, você vai precisar se quiser encontrar sua irmã.” – disse o homem já empurrando sua bicicleta e desaparecendo na escuridão da madrugada.

Os pensamentos passavam por sua cabeça mais rápido do que podia suportar. O que teria acontecido com sua irmã? Quem eram esses espíritos que invadiram sua vida em questão de horas? Os acontecimentos das últimas horas eram novos e o medo do desconhecido fazia seu coração disparar e seu corpo tremer. Sem pensar muito entrou no carro e seguiu a viagem, apesar de assustado não desistiu de ir encontrar Cintia, pois sentiu que ela precisava dele e ele nunca iria abandonar a irmã.

A viagem parecia mais longa do que previa, estava cansado, com sono e confuso. Estava passando por uma cidade que ficava no caminho de New Bedford quando avistou um cemitério. Sentiu uma agulhada no estomago de medo e acelerou para sair daquela rua o mais rápido possível. Quando estava passando pela portão do cemitério, não resistiu e olhou para dentro. A imagem o chocou, viu Cintia no lado de dentro. Jonas parou o carro e correu até lá quando se a aproximava Cintia correu para dentro e ele a seguiu. Ele mal podia enxergar na escuridão mas continuou seguindo a irmã, que parou de correr de correr de repente e virou-se para ele.

“Você é tão inocente. Agora vai ser meu” – disse ela gritando e rindo com uma voz tenebrosa.

Jonas gritou de pavor quando viu o que supostamente era sua irmã se transformar em uma mulher pálida, de pele podre, flutuando sobre o solo e começou a mover-se rápido em sua direção. Ele virou-se para sair do cemitério mas se deparou com a escuridão, não podia ver onde estava e nem a saída. Escolheu uma direção e correu, pois a fantasma estava por alcançá-lo. Os gemidos e gritos da mulher o faziam tremer de medo, estava desesperado, pois não achava a saída. Até que avistou uma luz vinda de um lado e correu em sua direção, quando se aproximou um pouco mais viu que a luz vinha dos faróis de seu carro. Ele sentiu um alivio pois sabia que um pouco mais iria sair dali, olhou para trás e a assombração ainda o perseguia.

Instantes depois ele estava dentro de seu carro, pisou no acelerador e saiu dali. Olhou para trás e viu que ainda estava sendo perseguido, fixou o olhar na assombração e viu que ela parou e acenou com um sorriso sínico. Jonas não entendeu a principio, mas quando olhou para frente viu que os faróis de um caminhão estavam à sua frente e se preparou para o choque.

Dias depois Jonas acordou no hospital, mal podia abrir os olhos de tanta dor que sentia no corpo. Viu um homem a sua frente, ele percebeu que era policial pela roupa que vestia. O policia viu que Jonas abria os olhos e se aproximou.

“Jonas, meu nome é Jack, eu sou o delegado de New Bedford”. – Disse o policial sorrindo para Jonas.

Continua...